Doença Arterial Periférica
A doença Arterial Periférica (DAP) é uma doença comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que atualmente há mais de 8 milhões de pessoas com DAP nos Brasil, mas de uma forma geral quase não há conscientização sobre a doença. Com essa falta de conscientização, muitos pacientes que sofre de DAP acaba sem diagnóstico e sem tratamento.
A DAP, também conhecida como doença arterial obstrutiva periférica, é o estreitamento ou obstrução das artérias em algum de seus segmentos. A DAP acontece quando existe um acúmulo de material gorduroso, chamado placa, dentro das artérias. Essa doença também é chamada de aterosclerose.
Os acúmulos de gordura podem fazer com que as artérias endureçam (calcifiquem-se) e tornem-se mais estreitas ou bloqueadas, limitando o fornecimento do sangue rico em oxigênio para algumas regiões do corpo. Isso pode causar diferentes problemas de saúde, dependendo de quais artérias são bloqueadas.
A doença vascular periférica dos membros inferiores afeta as artérias que fornecem sangue aos músculos das coxas e pernas. As três artérias bloqueadas com mais frequência são a artéria ilíaca, a femoral superficial e as artérias infrapoplíteas, que ficam abaixo do joelho.
Quando as principais artérias das pernas ficam bloqueadas pela placa, artérias menores, chamadas de artérias colaterais, por meio de um caminho alternativo assumem o comando como rota principal para fornecer sangue aos músculos dos membros inferiores. Essas artérias menores podem fornecer sangue suficiente aos músculos quando a pessoa se encontra em repouso, mas não quando o indivíduo está fisicamente ativo e a musculatura precisa de mais sangue e oxigênio.
Pessoas com DAP dos membros inferiores sentem dores ou desconforto frequente ao andar, ou ao desempenhar tarefas cotidianas. Atividades físicas são frequentemente difíceis de fazer por causa do menor fornecimento de sangue ao membro, causando sintomas que normalmente pioram com o tempo se medidas terapêuticas não forem instituídas.
Esses sintomas podem incluir:
▪ Dor ou cansaço nos membros inferiores
▪ Dor na região glútea
▪ Sensação de queimação ou dormência nos pés
▪ Feridas ou rachaduras na pele das pernas e pés
▪ Perda de pelos nos pés ou dedos dos pés
▪ Dor nos pés ou dedos dos pés em repouso
▪ Mudanças na cor da pele (avermelhada, azulada ou uma coloração esbranquiçada)
▪ Diminuição da temperatura da pele
▪ Impotência (incapacidade de obter ou manter uma ereção)
Milhões de pessoas em todo o mundo possuem DAP ou correm o risco de desenvolver a doença. Muitas pessoas que sofrem da doença nunca são diagnosticadas ou tratadas. É normal que haja uma perda da elasticidade das artérias o envelhecimento associado ao acúmulo de gordura na parede dos vasos, mas certos fatores de risco, como determinados comportamentos, doenças ou hábitos, podem levar ao desenvolvimento precoce da DVP. Quanto mais o paciente se expor aos fatores de risco, maiores serão as suas chances de desenvolver DAP.
Alguns fatores de riscos da DVP são:
▪ Idade superior a 50 anos
▪ Tabagismo
▪ Diabetes
▪ Histórico familiar de doença vascular ou cardíaca
▪ Hipertensão Arterial Sistêmica
▪ Altos níveis de colesterol ou triglicerídeos no sangue
▪ Falta de exercício ou atividade física
▪ Obesidade (sobrepeso)
▪ Stress
Apesar de fatores de risco como idade e histórico familiar não poderem ser controlados, alguns fatores podem ser controlados ou geridos de forma a diminuir o risco. Eles incluem tabagismo, diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade e um estilo de vida sedentário.
Seu médico pode orientá-lo sobre escolhas mais saudáveis para a sua dieta, consumo do tabaco, nível de atividade física e gerenciamento de stress. Se você estiver no grupo de risco da DAP, é importante falar com seu médico sobre formas de diminuir suas chances de desenvolver a doença. Além de ter aterosclerose, pacientes com DAP também possuem risco aumento para a ocorrência de Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVC).
Ao fazer um diagnóstico, o cirurgião vascular irá avaliar o histórico médico e familiar, bem como os fatores de risco e sintomas do paciente. Caso esteja sob suspeita de haver desenvolvido DAP, uma série de exames serão solicitados antes de decidir o melhor tratamento. Esses exames foram desenvolvidos para saber como está o fluxo de sangue em suas artérias e identificar áreas que precisam de atenção.
Os exames e testes que podem ser solicitados incluem:
▪ Índice Tornozelo-Braquial (ITB): Usado para diagnosticar a DAP nos membros inferiores (pernas). O ITB compara a pressão arterial medida no tornozelo com a pressão arterial medida no braço. Um aparelho medidor de pressão normal e um aparelho de ultrassom especial são usados para esse exame.
▪ Teste ergométrico: Inclui andar numa esteira por um determinado tempo, normalmente 5 minutos, ou até que precise parar porque sente-se cansado ou com incômodo nas pernas.
▪ Ultrassom com Doppler Arterial: Utiliza ondas sonoras de alta-frequência para gerar uma imagem que pode ajudar o médico a avaliar o fluxo sanguíneo e estreitamento ou bloqueios em seus vasos sanguíneos.
▪ Ressonância Nuclear Magnética (RNM): Faz uso de campos magnéticos e ondas de rádio para gerar uma imagem que mostra bloqueios em suas artérias.
▪ Angiografia: É uma técnica de imagem chamada fluoroscopia, que faz uso de uma tecnologia de raio-x e um fluido chamado contraste para “filmar” o fluxo de sangue nas suas artérias. Essas imagens mostram a exata localização do estreitamento no vaso sanguíneo. Esse exame é feito numa sala de cateterismo vascular ou “sala de cateterismo”.
▪ Angio-Tomografia Computadorizada (Angio-TC): Usa máquinas de raio-x especializadas para gerar imagens detalhadas das artérias e detectar bloqueios.
O tratamento deve ser instituído precocemente a fim de que complicações maiores venham a ocorrer, que incluem a perda do membro e risco de vida. Dai a importância de uma avaliação precoce com o Cirurgião Vascular.
Aneurismas de Aorta
Quando a parede de um vaso se enfraquece, uma dilatação desta parte doente pode ocorrer, dando origem ao que chamamos de “aneurisma”. Os aneurismas ocorrem mais frequentemente na aorta, a principal artéria do corpo, que se sai do coração para levar sangue para todo o organismo. Quanto maior a faixa etária e a constituição física da pessoa, maior o calibre de uma aorta normal. De modo geral, a aorta abdominal normal de um indivíduo tem cerca de 2,0 cm de diâmetro. As mulheres têm, em média, 0,2 cm a menos.
Para ser considerado um aneurisma, o segmento suspeito deve ter 50% a mais de calibre do que sua porção mais próxima não dilatada. Para facilitar, pode ser considerado aneurisma da aorta abdominal (AAA) o trecho com diâmetro igual ou acima de 3,0 cm. O trecho da aorta em que ela passa pelo abdome, logo abaixo da saída das artérias que levam sangue aos rins, é o local mais frequente de aparecimento dos aneurismas.
A complicação mais temida em pacientes com AAA é a rotura, devido o alto risco de morte relacionado a este evento. O fator que se associa a um maior risco de rotura é o diâmetro do aneurisma; ou seja, quanto maior o diâmetro do aneurisma, maior o risco de o mesmo romper-se. Cuidado deve ser tomado para não confundir o diâmetro do aneurisma com sua extensão, esta última não relacionada ao risco de rotura.
A conformação do aneurisma também pode estar relacionada ao risco de rotura. Admitese que aneurismas chamados saculares (dilatação de apenas um lado da artéria) têm maior risco de rotura do que os fusiformes, mais comuns. Outras complicações menos frequentes são a embolização de fragmentos de trombos e compressão de estruturas.
O aneurisma da aorta abdominal (AAA) atinge principalmente pessoas na faixa etária acima dos 50 anos, sendo de 2 a 6 vezes mais frequente em homens do que em mulheres e 2 a 3 vezes mais comum em homens brancos em comparação aos negros. Nos Estados Unidos, todo ano 200.000 pessoas recebem o diagnóstico de AAA. A rotura desses aneurismas é a 10ª causa de morte entre homens acima dos 55 anos de idade.
Além da idade avançada e do sexo masculino, outros fatores de risco para AAA são tabagismo e ocorrência de aneurismas em familiares próximos. Uma pessoa que tem familiar de 1º grau com AAA apresenta 12 vezes mais risco de desenvolver um AAA, em comparação com aqueles sem antecedente familiar. Entre os pacientes em tratamento de AAA, 15-25% têm um parente de 1º grau com o mesmo tipo de aneurisma.
Os aneurismas mais frequentes são os chamados “degenerativos”, que estão associados aos fatores de risco para aterosclerose. Assim, homens acima dos 50 anos e mulheres acima dos 60 anos com história de aterosclerose, pressão alta, colesterol aumentado e fumantes têm maior risco de desenvolver AAA. Outras causas menos frequentes são inflamações da parede dos vasos (arterites), dissecções da aorta, infecções, doenças congênitas do tecido conectivo, traumatismos vasculares.
Na maioria dos casos, os aneurismas da aorta abdominal não causam qualquer sintoma, sendo diagnosticados durante a avaliação de outros problemas médicos.
DOR ABDOMINAL OU NAS COSTAS FORTE E DE INÍCIO SÚBITO
Se você tem acima de 50 anos com histórico familiar de AAA e sente dor súbita, forte, no abdome ou no dorso (costas), procure atendimento médico imediato. Estes sintomas podem sinalizar que você tem um AAA, possivelmente na iminência de romper.
DOR, PALIDEZ OU ARROXEAMENTO DOS DEDOS DOS PÉS
Raramente um pedaço de placa de ateroma ou de coágulo pode se desprender e migrar até ocluir um vaso de uma das pernas ou pés, prejudicando a circulação de sangue e dando esses sintomas.
A grande maioria dos pacientes com AAA não apresenta sintomas. Por esse motivo, o diagnóstico muitas vezes é feito quando o paciente faz algum exame de imagem, como a ultrassonografia de abdome, para investigar outro problema. Ao contrário da aorta torácica, a aorta abdominal pode ser palpada durante o exame físico e ter seu calibre estimado durante uma consulta de rotina.
Um ultrassom abdominal é indolor, de baixo custo, seguro e o exame mais frequentemente utilizado para a pesquisa e, naqueles com a doença, também para medir as dimensões do aneurisma.
A angiografia por tomografia computadorizada (TC) tem a vantagem de mostrar com mais detalhes e precisão a localização, a extensão e as medidas do aneurisma. Por ser um exame um pouco mais invasivo, necessitando injeção de contraste na veia e expondo o paciente à radiação, é realizado para confirmar as medidas de aneurismas maiores ou com rápido crescimento, que possam exigir tratamento cirúrgico, além de essencial para planejar a operação.
Angiografia por ressonância magnética é uma alternativa à TC, por exemplo, em pacientes alérgicos ao contraste iodado.
O tratamento depende do diâmetro do aneurisma.
AAAs PEQUENOS (MENORES QUE 5,0 cm DE DIÂMETRO):
Têm baixo risco de rotura. Não necessitam cirurgia, mas devem ser monitorizados.
• É importante que o paciente passe em consulta com um cirurgião vascular e faça uma ultrassonografia a cada 6 meses para avaliar se há crescimento do diâmetro do aneurisma. Crescimento acima de 0,5cm num período de 6 meses pode ser indicativo de maior risco de o aneurisma romper e, assim, necessitar operação;
• Manter a pressão controlada e abandonar o hábito de fumar;
• Exercício físico regular também é benéfico.
AAAs GRANDES (ACIMA DE 5,0-5,5cm DE DIÂMETRO):
Apresentam maior risco de rotura, indicando provável necessidade de tratamento cirúrgico. Aneurismas entre 5,0cm e 5,5cm estão numa faixa intermediária e a indicação cirúrgica depende do gênero (em mulheres a indicação é mais precoce, em torno de 5,0cm, com maior tolerância para homens – a partir de 5,5cm), constituição física e condições de saúde do paciente.
Uma vez indicado tratamento cirúrgico, resta definir a técnica a ser empregada.
OPERAÇÃO ABERTA
A OPERAÇÃO ABERTA é consagrada há décadas. No entanto, trata-se de procedimento de grande porte, realizado através de grande incisão abdominal e necessitando da interrupção momentânea do fluxo sanguíneo pela aorta enquanto uma prótese sintética é implantada em substituição ao segmento doente. A necessidade de transfusão de sangue é relativamente frequente e há necessidade de internação em UTI no pós-operatório imediato
• O cirurgião vascular acessa a parte afetada da aorta através de uma incisão no abdome;
• O tempo de internação hospitalar fica, geralmente, entre 4-10 dias.
Cirurgia endovascular
A TÉCNICA ENDOVASCULAR é uma modalidade terapêutica descrita no início dos anos 90, propondo um tratamento menos invasivo. Por essa técnica, uma prótese sintética é introduzida através de incisões na altura das virilhas, progredindo o material através das artérias femorais até a aorta abdominal, onde esta prótese é então aberta, impedindo o fluxo de sangue pela porção dilatada. Como não há necessidade de abrir o abdome e a aorta, os tempos de recuperação e de internação são muito menores, assim como os riscos de complicações imediatas relacionadas ao procedimento.
Realização do procedimento
• Uma pequena incisão em cada virilha é feita. Com o auxílio de aparelhos de raio-X (radioscopia), o cirurgião vascular introduz cateteres que contêm uma prótese comprimida no seu interior dentro das artérias das pernas (femorais), progredindo estes cateteres até o local do aneurisma abdominal, onde essa prótese é aberta. Essa prótese tem suas extremidades superior e inferior apoiadas em segmentos de artéria normal acima e abaixo do aneurisma e, quando aberta, o fluxo de sangue passa pela prótese, excluindo o aneurisma da circulação;
• O tempo de internação hospitalar geralmente é de até 3 dias;
No tratamento endovascular a recuperação é mais rápida em comparação ao tratamento aberto, porém é necessário acompanhamento com exames de imagem mais frequentes. A necessidade de novas intervenções no aneurisma são infrequentes, mas também mais comuns nos pacientes tratados por via endovascular do que por operação aberta.
De qualquer forma, o tratamento endovascular é cada vez mais indicado, tornando-se em quase todos os centros do mundo a técnica preferencial. Nem todo aneurisma, porém, é passível de tratamento endovascular, a depender de suas características anatômicas.
Doença Carotídea Aterosclerótica
As carótidas são artérias aquelas que levam o sangue rico em oxigênio do coração ao cérebro. Essas artérias levam sangue para a grande parte anterior do cérebro, onde residem as funções motora, sensitiva, personalidade, fala e pensamento. As artérias carótidas podem ser acometidas por obstruções, aneurismas, tumores, entre outros.
Também chamada de estenose de carótida, é o estreitamento da carótida que ocorre principalmente por depósito de gordura (aterosclerose) e que pode ir se agravando ao longo dos anos.
Esta obstrução pode levar a uma diminuição da quantidade de sangue e oxigênio que chega ao cérebro, podendo ocasionar, dependendo do grau, um acidente vascular cerebral (AVC). Além da elevada mortalidade associada ao AVC, as frequentes sequelas neurológicas acarretam um impacto importante na qualidade de vida dos pacientes.
Os fatores de risco são os mesmos observados em pacientes com história de infarto do miocárdio ou obstrução arterial dos membros, e incluem:
• Tabagismo
• Hipertensão arterial
• Diabetes mellitus
• Colesterol elevado
• Obesidade
• Sedentarismo
• História familiar
Muitas vezes não há sintomas. Quando a doença está em estágio avançado, podem ocorrer sintomas neurológicos como perda súbita da visão, perda da força ou da sensibilidade em um lado do corpo, empastamento da fala, perda da coordenação, entre outros. Esses sintomas podem ter início súbito e durar poucos minutos ou horas. Nessa situação, deve-se procurar ajuda médica imediatamente pois podemos estar diante de um AVC.
Uma vez que a doença pode ser assintomática, pacientes com fatores de risco devem ser submetidos à triagem (check-up vascular). O principal método diagnóstico é o Ultrassom Doppler de Carótidas, exame não invasivo e de boa sensibilidade para a detecção da doença. Este também é o exame indicado para seguimento periódico de pacientes em estágios iniciais da doença.
Outros exames como Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética podem ser necessários, principalmente em casos com indicação cirúrgica para estudo da anatomia e escolha da melhor técnica.
O grau de obstrução das artérias e a presença ou não de sintomas definem qual tratamento deve ser indicado. Em todos os casos está indicada a mudança do estilo de vida (melhora da alimentação e exercício físico) e controle dos fatores de risco. Algumas medicações específicas podem ser necessárias.
Nos casos mais avançados está indicado o tratamento cirúrgico, que visa reduzir a chance de derrame em indivíduos assintomáticos, ou o desenvolvimento de novas sequelas neurológicas em pacientes que já tiveram um derrame.
Existem dois tipos de cirurgia de carótida: a cirurgia aberta e a cirurgia endovascular. Cada caso é estudado profundamente para que a melhor técnica seja indicada. A cirurgia aberta é chamada de endarterectomia. Nesta técnica realiza-se uma incisão cervical para se ter acesso à carótida acometida. É realizada a retirada das placas no interior da artéria, com restauração do fluxo para o cérebro.
A técnica endovascular (angioplastia de carótida) é minimamente invasiva e consiste na introdução de delicados balões e stents para a abertura do local obstruído. Não são realizados cortes, mas sim uma punção geralmente na virilha para a introdução dos dispositivos. Esta técnica possui indicações específicas, e não é aplicável a todos os casos.
As informações contidas neste site não se destinam, e não devem ser invocadas, como um substituto para aconselhamento médico ou tratamento. É muito importante que os indivíduos com problemas de saúde específicos consultem seu médico.
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